11.3.07

Dali - A sua vida e a sua Obra



Falando um pouco sobre isto e aquilo, hoje vou deixar um apontamento sobre um livro que me ofereceram sobre a obra deste génio louco...Em termos de fotos sobre as suas pinturas é dos melhores que conheço. Tem 780 páginas e podemos observar os seus trabalhos desde 1910 com 6 anos, passando por todas as várias tendências e técnicas usadas pelo pintor, com títulos, datas e descrições, assim como o museu em que as podemos encontrar até ao seu ultimo quadro em 1983. Cada quadro, ou pelo menos os mais importantes a partir do apogeu das suas obras, tem uma pequena explicação sobre a tela e a época da vida de Dali em que este se insere.

Para quem não conhece nada sobre o pintor e para aguçar curiosidades, passo a desvendar um pouco da sua biografia, que se encontra neste livro que acompanha Salvador Felipe Jacinto Dali y Domenech desde o seu nascimento em 11 de Maio de 1904 em Figueres, na provincia e Gerona no Norte de Espanha, a sua revolta com os pais na infância devido ao facto dos pais passarem a vida a compará-lo com o irmão mais velho que morreu com dois anos, pensa-se que vitima de maus tratos do pai, a sua falta de aproveitamento enquanto criança, mas a sua já grande apetencia para as artes, sabendo-se que leu grande parte da biblioteca do pai ainda antes dos 10 anos e que pintou o seu primeiro quadro com 6 - uma natureza morta de cerejas numa velha porta carcomida.

Aos 14 anos expôs os seus primeiros quadros depois de ter estudado desenho na Escola de Figueres, no edifico do Teatro Municipal que mais tarde se veio a tornar no Museu Dali. Com 17 anos ingressa na Academia das Belas Artes, onde não se consegue adaptar, mas estabelece amizades para toda a vida com importantes figuras da época como por exemplo Garcia Lorca com quem estabeleceu uma amizade muito especial.

Como é sobejamente conhecido Lorca era homosexual e apaixona-se por Dali que com tendências bisexuais mas sem estar apaixonado por ele e sem ter sequer iniciado a sua vida sexual deixa-se tentar pela experiência que embora não resultasse veio a dar origem à sua famosa frase (e desculpem-me o vernáculo da linguagem): - "Sentia-me terrivelmente lisongeado pela sua escolha e lá no fundo sentia que ele era um grande poeta e que eu lhe devia um bocadinho do cu do divino Dali".

Neste altura em que Dali está na Academia em 1926, é profundamente influenciado pelo Cubismo e por Picasso, embora a sua diversidade de estilos baralhe um pouco os criticos nas suas exposições. Ele não se adapta mais uma vez, aliás toda a sua vida é uma sucessão de inadaptações em tudo e com todos, e sem saber o que fazer para sair, visto que o seu pai não queria, optou pela forma mais aberrante: quando foi chamado para o exame de História de Arte, recusou-se a ser examinado dizendo que não considerava nenhum dos professores daquela escola com competência para o julgar, e dizendo isto retirou-se. Obviamente foi expulso e conseguiu assim os seus intentos.

Em 1927 Dali começa a explorar o surrealismo, difundido nos circuitos intelectuais espanhois e adoptado por pintores como Miró e Picasso que vão ser grandes influências na vida artistica de Dali. Em 1928 com com o seu grande amigo Buñuel estreou-se no cinema com o filme "Un chien andalou" - Um cão andaluz. este cão para eles representa Lorca; embora o filme não seja minimamente racional, conforme o desejo dos seus autores e a sua decepção perante a grande aceitação do publico. Segundo eles o filme não tinha conseguido ser suficientemente repugnante.

No Verão de 1929 conhece Paul e Gala Eluard que depois de uma vivência em "menage a troix" com Max Ernst têm o seu casamento de rastos. Dali apaixona-se histéricamente (segundo palavras dele) por Gala e convence-a a ficar após o regresso do seu marido a Paris, iniciando de imediato um relacionamento com ela que durará até à sua morte, apesar de após passada a fase inicial da louca paixão Dali ter deixado de ter relações sexuais com ela porque morria de medo de doenças sexualmente transmissiveis.

Contudo casaram em 1934, tendo como unica testemunha o ex-marido de Gala. A partir daqui começa a usar Gala como musa inspiradora e como modelo para todo o tipo de pinturas por considerá-la divina, o que de certo modo era irónico visto que o comportamento de Gala era altamente promíscuo, tendo ela relações ilicitas com uma sucessão infinita de amantes, homens e mulheres, que durará até à sua morte em 1982 com oitenta e muitos anos, altura em que só deixava Dali visitá-la com um pedido por escrito.

Da sua morte em diante Dali perdeu praticamente a sua sanidade mental. Morreu a 23 de Janeiro de 1989 desnutrido e fraco, ainda mal restabelecido das queimaduras que tinha sofrido num incêndio na sua casa, recusando-se a comer porque acreditava que alguém o tentava envenenar. A última tela que pinta é em 1983 "A cauda da andorinha" e disse: Tudo o que faço agora centra-se no fenómeno das catástrofes". A sua mente estava doente e ele quase louco de desgosto pela morte da sua infiel amada.

E finalmente quanto a pinturas deixo aqui uma lista muito pessoal de algumas obras que se podem encontrar neste livro e que pessoalmente me agradam muito:

A persistência da memória

O rosto de Mae West

O grande paranoico

A metamorfose de Narciso

Cisnes refletindo elefantes

Cristo de S. João da Cruz

O colosso de Rhodes

A ultima ceia

Santiago El Grande

Criança geopolitica observando o nascimento do homem novo

Rosa Medidativa

5 comentários:

Helena disse...

Muito fixe. Também tenho um livro sobre ele, mas da Taschen. Foi dos primeiros que comprei, porque desde muito cedo tinha um grande interesse nos surrealismo que começou com o escritor Boris Vian.
Mas gosto muito de Kandinsky, Basquiat e também admiro o Keith Haring. Mas fascina-me muito a Frida Khalo. Pela vida, pela obra, pelas cores. O ano passado vi a exposição dela no CCB, que não me encheu completamente as medidas, mas emociou-me por ex. ver ao vivo os seus vestidos e páginas do seu diário. Também gosto do marido Diego Riviera. Acho que foram duas pessoas muito à frente do seu tempo.
De quem gosto mais-mais-mais é do pollock, pintor expressionista abstracto que inventou a técnica do "pingo". Mas a tachen não tem livros sobre ele. Gostei muito de ver o filme "Frida" e "Pollock", com Ed Harris.

Alexandra disse...

Tem aqui uma coisa que gosto muito...Cristo de S. João

só por isso leva beijo extra

_+*Ælitis*+_ disse...

Uma vez estive na cidade PERPIGNAN que ele considera "o centro do mundo"... sei que ele tinha um jeito de ser muito torturado, como tantos artistas...

Parabéns por este blog, porque tb é preciso!

Helena disse...

E novidades, ei?!

Anónimo disse...

Confesso, não terminei de ler o texto... mas nada contra um comentário .. naum? Depois volto.
;)

bjo..