9.11.08

Fantasma da opera



Este fim de semana revi um filme, que para mim é intemporal. Quando estreou, fui ve-lo com grande expectativa porque já tinha visto o Musical em Londres no Her Majesty's Theatre, onde esteve em cartaz desde 1986 até 2008 - 22 anos. Tinha algum receio que a história fosse alterada, apesar desta versão não ser sequer a original, mas fiquei agradavelmente surpreendida ao ver que tudo é mantido igual. Apenas se perde um pouco da emoção.

No filme a acção passa-se num palco e estamos constantemente a ver o publico que assiste às várias representações. Ao vivo, o público somos nós e a grandiosidade de tudo aquilo que assistimos cola-se-nos à pele, arrepiando-nos à medida que a acção se vai desenrolando e fazendo-nos sentir que somos uma parte da história.

O livro que deu origem a este musical, de autoria de Gaston Leroux já deu origem a pelo menos 7 filmes (que eu tenha conhecimento, embora ainda esteja na duvida em relação a outros dois que não consegui documentar-me sobre eles)e todos eles alteram a sua historia.

O primeiro foi ainda um filme mudo em 1925 e é tida como a melhor versão, pelo menos a mais fiel. A segunda versão é de 1943 e a historia já é alterada sendo que o Fantasma aparece na figura de um violinista que depois de sofrer um acidente com acido foge para as catacumbas da Opera de Paris.A terceira versão surge em 1962 e é considerada a pior de todas. Em 1974 Brian de Palma cria uma versão Opera Rock sobre este tema. Em 1982 fazem uma adaptação para a televisão em que adulteram completamente a historia alterando nomes e factos e em que o Fantasma passa a ser um maestro que pretende vingar a morte de sua mulher. E finalmente em 1990 uma nova versão também ela péssima transporta a historia para Nova Iorque e faz do Fantasma um ser irreal, enfim foram de mal a pior, chegando ao ponto de praticamente ninguém saber qual a história original.

Pessoalmente li o livro e gostei mas não tem nada a ver com este filme, ou melhor tem pouco a ver... e é sobre o filme que é suposto falarmos por aqui. Andrew Lloyd Webber que como muitos deverão saber é o responsavel por fabulosos musicais como por exemplo Jesus Christ Superstar, Evita ou Cats, depois de ter este musical em cena durante 18 anos decidiu adapta-lo ao cinema e segundo a minha modesta opinião em muito boa hora, porque nem toda a gente, alias muito poucos podem assistir ao vivo em Londres ou na Brodway como é obvio e seria uma pena sermos privados de tão fantástico espectáculo de cor e som.

A história: Estamos em Paris, em 1905 assistindo a um leilão onde um senhor muito idoso, o Visconde de Chagny compra uma caixa de musica com um macaco a tocar pratos e começa a recordar o seu passado, estranhamente ligado a essa caixa através da sua amada Christine Daae. Seguidamente leiloa-se um enorme lustre que foi recuperado dos escombros dum grande incêndio que houve na Opera de Paris, e em que o leiloeiro recorda que é o lustre ligado ao estranho caso do Fantasma da Opera gozando até com a historia.

Ao acenderem o lustre, a historia recua até 1860 e começamos então a conhecer a vida e história de essencialmente três pessoas, o Visconde, Christine e do próprio Fantasma. A Direcção da Opera está a ser passada, apresenta-se um novo dono da sala de espectáculos e ensaia-se a obra "Hannibal". A primeira cantora, Carlotta, irritada como sempre com tudo e todos, ao cair um contrapeso mesmo ao pé dela decide ir embora deixando toda a gente assustada porque a opera estreia-se nessa noite e aquele é o ensaio geral.

A Srª Giry, encenadora, revela que uma das bailarinas tem uma excelente voz e Christine canta para espanto de todos com uma voz linda. A estreia é feita nessa noite com Christine a fazer a vez da prima-donna. Depois da estreia e no seu camarim, Christine é visitada pelo Fantasma, que ela pensa ser um Anjo que o seu pai lhe enviou quando morreu para velar por ela e para a ensinar a cantar. Este apresenta-se pela primeira vez e conduz Christine através do espelho para o subterrâneo onde habita. Após varias peripécias e canções lindas ela tira-lhe a mascara para ver a sua cara horrivelmente deformada o que o põe completamente louco de furia, amaldiçoando-a e ameaçando-a que ela nunca mais poderá ser livre depois daquilo.

Posteriormente e já com Christine de regresso à Opera, todos começam a receber cartas do Fantasma avisando que o papel principal da Opera "Il Mutto" que irá ser posto em cena deverá ser entregue a Christine sob pena de acontecer alguma desgraça, tal como o camarote 5 deverá sempre ficar desocupado para que ele (Fantasma) possa assistir a Opera de lá. Ninguém quer acreditar que o Fantasma existe realmente e acusam-se uns aos outros de serem os autores das cartas. Mais uma vez Carlotta que já tinha regressado vai embora ofendida com o facto de não quererem que ela cante e os director prometem que ela terá o papel principal nessa, como em todas as Operas.

E assim, quando a Opera é estreada, Carlotta é a prima-donna e o Visconde está a assistir sentado no camarote 5. Ouve-se então a voz do Fantasma dizendo que já tinha avisado que algo iria acontecer e de repente Carlotta fica sem voz. É rapidamente substituida por Christine mas a fúria do Fantasma não acalma. O lustre abana violentamente ameaçando cair e perante um publico aterrorizado, um funcionario da Opera cai no tecto enforcado. Instala-se o terror e Christine e o Visconde fogem para o telhado. Ai trocam juras de amor enquanto o Fantasma ouve escondido atrás duma estátua. Completamente furioso volta para o teatro e derruba mesmo o lustre por cima do publico que foge em pânico.

Seis meses mais tarde ninguém mais tinha ouvido falar do Fantasma e dá-se um Baile de Mascaras, em que todos estão presentes e o Visconde e Christine estão já noivos. Esse Baile com o nome de Masquerade é um dos momentos verdadeiramente belos do filme, tanto a nivel de musica, como de guarda roupa. No final o Fantasma aparece fantasiado de Morte Vermelha e entrega a partitura de uma Opera intitulada "Don Juan Triunfante" e ordena que ela seja encenada. No final o Visconde e a Srª Giry conversam e ela acaba por lhe confessar que sabe quem é o Fantasma, conta-lhe que é uma criança terrivelmente deformada (esta é realmente a grande alteração em relação ao livro, porque o Fantasma é sempre e em todas as versões um homem que é deformado por derramamento de ácido e aqui ele já nasceu deformado) que ela ajudou a fugir e que escondeu ali nos subterrâneos do teatro e que lá cresceu e viveu sempre.

Com medo daquela terrivel figura, a Opera começa a ser ensaiada, dirigida pelo próprio Fantasma através de cartas. Christine é obviamente a cantora principal e o Visconde junto com os directores pleaneam apanhar o Fantasma aquando da estreia desta peça, para o que pedem a ajuda dela. Christine hesita muito pois custa-lhe trair o homem que sempre velou por ela e que a ensinou a cantar e vai ao cemitério visitar a campa do pai e pedir-lhe ajuda para tomar uma decisão sobre o que fazer.

Finalmente estreia a nova Opera. Tudo está como o Fantasma ordenou. A ideia é agradar-lhe para mais facilmente o apanhar. Quase no fim da actuação e sem que ninguém se aperceba, ele enforca o tenor principal e toma o seu lugar, cantando a ária final da Opera com Christine. Quando finalmente se apercebem do que aconteceu tentam capturar o Fantasma que foge para o subsolo levando Christine consigo. Os actores, funcionários e policia partem em busca do Fantasma assim como o Visconde.

Christine conversa com o Fantasma sobre a vida dele e todo o sofrimento que ele teve
por causa da sua deformidade. Entretanto Raoul (o Visconde) chega e na ânsia de salvar Christine cai numa armadilha que o Fantasma lhe preparou. Christine tem na sua mão a hipotese de salvar Raoul ou deixá-lo morrer. O Fantasma diz-lhe que a escolha é dela, ou aceita ficar com ele e ele liberta o seu amado, ou recusa e ele morre. E pronto só falta mesmo contar o final. Não é que este filme seja um grande filme de suspense ou acção que estejamos todos suspensos de saber como acaba, ou que se eu contasse alguém achasse que já não valia a pena ir ver o filme, mas por uma questão de principio não digo.

Vão ver porque vale a pena. A grande maioria de todos os diálogos que falo aqui são cantados porque este filme é um musical, não podemos esquecer. A musica é fabulosa, com especial destaque para musicas como "Think of me", "The music of the night", "The point of no return" ou "The Phantom of the Opera" e apesar de algumas criticas que já li, as representações estão bastante boas, se tivermos em conta que houve a preocupação de arranjar actores que também cantassem, daí que não encontramos nenhum dos consagrados "monstros" do cinema que estamos habituados a ver nas telas, apesar de alguns dos actores serem conhecidos como é o caso do próprio Fantasma que já vimos pelo menos no filme Tom Raider - O Berço da Vida e a Christine Daae que contracenou com Sean Penn no filme Mystic River. É um filme que merece mesmo ser visto no cinema, face à grandiosidade dos cenários, mas já agora se puderem vejam-no numa sala com boas condições acústicas porque merece.

1 comentário:

Rainha Choninha disse...

Já viste o "fantasma do paraíso", do Brian de Palma, baseado no "fantasma da ópera"?


Agora lembrei-me deste... adorava as músicas.