Um filme com Anthony Hopkins é sempre sinónimo de bom filme... embora por duas vezes já tenha ficado meio decepcionada, não com a sua performance mas com a história em si, mas não foi o caso desta vez. Acho que este homem tem um quê de misterioso, de perigoso....os olhos dele parece que lêem a alma das pessoas.... uma calculista frieza que nos deixa pasmados... excelente actor mesmo....
A História:
Ted é um engenheiro de estruturas que tem como Hobby construir as complexas engenhocas de “Rube Goldberg”, é um homem meticuloso que não deixa nunca nada ao acaso e é esse o principal mote do filme... não descurar nenhum pormenor da sua vingança. Ele descobre que a mulher o anda a trair com um detective da Policia de NY. Jeniffer e Rob encontram-se num hotel há vários meses registando-se sob o nome de Mr. And Mrs. Smith e nenhum sabe rigorosamente mais nada sobre a vida do outro.
Um dia, Ted decide pôr em prática o plano que anda a arquitectar há algum tempo. Primeiro vai ao Hotel num dia em que eles lá estão para verificar com os seus próprios olhos. Depois escolhe um dia em que o detective esteja de serviço, espera que a mulher chegue a casa e friamente e olhos nos olhos dá-lhe um tiro na cabeça. Telefona para a esquadra e diz que acabou de matar a mulher. Aguarda a chegada da policia barricado em casa, e apenas permite que o detective Rob entre em casa.
Quando o detective entra em casa fica de tal forma abalado por reconhecer na vitima a sua amante que nem presta atenção a mais nada. Calmamente Ted confessa-lhe o crime sem sequer hesitar. Ao descobrir que ela não está morta, a sua principal preocupação é providenciar o seu transporte para o Hospital, deter o marido e fazer questão absoluta de estar presente no interrogatório para perceber o porquê daquele crime. A seguir ao interrogatório Ted assina a sua confissão e é detido para julgamento.
Na audiência preliminar o caso é entregue a um promotor público que nunca perdeu um caso. Willy Beachum que está de saída para um escritório particular de advogados, onde irá integrar uma das melhores e mais bem pagas equipas de advogados de NY. Ele não quer pegar em mais nenhum caso porque tem que abandonar rapidamente o cargo, mas ao aperceber-se da simplicidade do caso, um homicídio passional com a arma do crime retirada da mão do criminoso e uma confissão verbal e outra escrita, acha não é nada que ele não possa despachar ainda antes de ir embora.
O desfecho.... contém o final!!
A partir daqui desenrola-se a historia e a forma como eu a irei descrever acaba por implicar que conte o final.
Só que o caso não é tão fácil como parece... e tudo foi pensado ao pormenor por Ted. A mulher não está morta porque ele assim o quis... ela permanece em coma no Hospital. Ele atingiu-a sabendo milimetricamente o sitio e o músculo que deveria atingir para que ela não morresse mas ficasse inconsciente e impossibilitada de o acusar.
Anthony Hopkins no seu melhor... com o seu ar circunspecto, constrói uma trama cheia de jogos mentais, recusa ser representado por um advogado e joga com o que o detective e o advogado têm de melhor e de pior, orgulho, ganância, arrebatamento... o seu plano é conseguir baralhar de tal forma o Tribunal, criando um labirinto tão complexo, que a quantidade de provas inconclusivas acaba por impossibilitar a sua condenação.
O golpe final é dado quando ele em pleno Tribunal e como estratégia de defesa pergunta se não servirá como atenuante o facto do detective encarregue da sua detenção e presente na sua confissão ser amante da sua mulher... isto vem dar uma volta de 180 graus na história, a arma do crime não chegou a ser encontrada apesar dele nunca ter saído de casa, a arma que ele tinha na mão nunca tinha sido disparada e ele alega que nunca confessou verbalmente o crime ao detective, e que foi coagido por este a confessar o crime por escrito e a assinar.
Desta forma acaba por ser ilibado e sai em liberdade... e o detective ao descer as escadas do Tribunal e depois de perceber o sarilho em que está metido dá um tiro na cabeça... a 1ª parte da vingança estava concluída.
Mas sobra Beachum que nunca perdeu um caso e que não consegue perceber como é que este lhe está a fugir por entre os dedos... ainda por cima porque das vezes que visitou Ted ele deixou-lhe bem claro que estava a brincar com ele e que fizesse ele o que fizesse nunca o iria conseguir apanhar. Só que isso não agrada ao advogado, mas o tempo está a passar e ele tem o seu lugar no outro lado por um fio... ou sai e considera-se derrotado neste caso, ou decide fazer justiça e põe a sua carreira em risco.
Mas apesar de ambicioso Beachum tem valores morais e éticos com que Ted não estava a contar e decide não desistir enquanto não conseguisse condená-lo. Desta forma ele decide provar que mesmo num crime aparentemente perfeito tem de haver uma “ruptura”, e se há, ele vai encontrá-la. Abandona o seu lugar no Ministério Público de onde se tinha já despedido e perde o seu novo emprego, mas não desiste. Já com Ted em liberdade, ele fica a saber que no estado em que a mulher está, ele tem o direito de decidir se ela continua ou não naquele estado vegetativo e ligada à maquina.
Tenta fazer tudo para o impedir de poder tomar uma decisão mas quando finalmente consegue uma ordem do Tribunal para impugnar o acto, chega tarde demais... as máquinas já tinham sido desligadas, Jennifer está morta duma forma em que ninguém lhe pode tocar. A 2ª parte da vingança foi concluída... e ele não precisou de sujar as mãos. Só há uma coisa a fazer... é preciso encontrar a arma do crime... só ela poderá dizer quem foi o criminoso. Mas se Ted não saiu de casa, ela tem de lá estar...
Depois de várias buscar minuciosas em que ele conta com a ajuda de um outro detective da NYPD eles não conseguem encontrar a arma, até que uma troca acidental de telemóveis lhe dá a solução do problema... e se as armas foram trocadas? E se há duas armas iguais? A troca só poderia ter sido efectuada com uma pessoa que entrou lá em casa e que acedeu a ficar desarmada para negociar...
Rapidamente confirma os seus receios, a arma que ele tinha comprado para matar a mulher era igual à arma do detective seu amante... E no dia em que ele foi ao Hotel, não foi confirmar se eles lá estavam mas sim trocar a arma. Matou a mulher com a arma do amante e enquanto ele tentava descobrir se ela estava morta no chão, ele voltou a trocá-las... a arma que ele tinha quando foi detido, era a dele, nova que nunca tinha sido disparada, a arma que tinha cometido o assassínio esteve todo o tempo com o detective até à altura da sua morte em que foi guardada na esquadra.
A “ruptura” fora encontrada... Ted foi preso, contudo elogiando a inteligência do seu adversário. E Willy Beachum, o advogado que só pegava nos casos em que via que podia ganhar, viu que afinal só tinha uma forma de se sentir realizado: conseguir que a justiça fosse feita, o seu lugar era definitivamente o de promotor público.